sábado, 18 de setembro de 2010

Minha vida

Aloooouuu eu ainda estou viva!!!!
Claro é um desabafo. É inacreditável como as pessoas querem ajudar, mas o que a gente mais quer neste momento é continuar vivendo. Queremos continuar falando sobre besteiras, contar piada, falar das notícias, do tempo, dos gatinhos, enfim...
Mas todos só querem falar da doença!
Eu preciso de férias deste assunto!
Férias, esta é palavra, eu quero férias. Já basta todos os dias precisar ir em um médico, hospital, fazer exames, curativos... ainda tenho que toda hora falar disso. Poxa será que ninguém entende que ainda continuo vivendo e tenho outras necessidades também? Claro que a gente tem necessidade de conversar, de chorar, de reclamar as vezes e contar sobre como estamos nos sentindo, mas o melhor é você falar de outras coisas e se sentir viva!
O mais difícil eu acho nesta fase é você fazer do seu dia a dia o melhor possível e prazeroso, encontrar prazer nas pequenas coisas, ter tempo pra você, ter criatividade e disposição para fazer coisas que nunca fez, ou seja, minha vida mudando de estilo mas com prazer.

Estou aprendendo e me adaptando, procurando atividades que me distraiam, que me deixem feliz e apaixonada pela vida como sempre fui!

Pós operatório

O primeiro dia depois da cirurgia foi bem tranquilo, mesmo após o diagnóstico, eu estava me sentindo ótima, meus amigos e famíliares ligando, minha mãe e minha tia ali ao meu lado. Parecia que não era necessário tudo aquilo, eu estava tão bem, não é possível que eu esteja doente... Mesmo com aqueles milhões de fios engatados em mim eu me sentia muito bem emocionalmente e fisicamente. Que bom uma etapa vencida pensei. Nem imaginava o que vinha pela frente. Já no segundo dia tive que começa a andar, mas como se eu não conseguia nem me movimentar na cama? Começaram as dores para se movimentar, meu corpo inchando, meu rosto parecia uma bola! E depois que tiraram a medicação na veia e colocaram apenas via oral? Nossa, aquela noite foi horrível, suportar as dores no corpo, a vontade de movimentar e não conseguir, a agonia de estar ali naquele lugar. No último dia de internação (eu fiquei 7), eu me sentia uma prisioneira, não suportava mais aquele ambiente, as pessoas toda hora entrando no quarto, remédios, o silêncio.
Agora já fazem 18 dias depois da cirurgia, já estou caminhando, uma semana sem remédios, não sinto dores, já estou dirigindo, embora não recomendado. Mas sinto como se a vida estivesse sendo me devolvida aos poucos e esta sensação é muito boa.

Câncer

Logo após acordar da cirurgia, a primeira coisa que eu fiz foi olhar para meu corpo e ver que tinha ali um pequeno curativo e um enorme! Na hora me dei conta "Meu Deus é câncer". O médico já havia me dito que se fosse maligno ele já iria colocar um pequeno catéter pra fazer a quimioterapia intraperitonial. Eu já esperava este diagnóstico, tinha estudado todas as características do tumor, mas ainda restava uma esperança de ser benigno e naquele exato momento que eu acordei ela havia desaparecido. Depois meu querido médico veio apenas confirmar o que eu já sabia e também me contar que a cirurgia foi um sucesso e que ele estava contente por ter extraido todo o tumor visível. Diagnóstico de câncer de ovário do tipo carcinoma seroso (epitelial), retirado útero, ovários e todo os linfonódulos encontrados. Eu me senti sozinha, pois agora era eu com eu mesma. Enfrentar exames, tratamentos e ser forte e ir além, ultrapassar meus limites.

Cirurgia

Não lembro de nada! Fui até o hospital, setor de internação, centro cirúrgico, os abraços de despedida e o medo. O que vai acontecer agora? Pra onde vão me levar? Então após tirar toda a roupa e usar aquela camisola horrível, veio uma moça muito calma e disse "vamos dar uma picadinha" Picadinha?! Ela espetou um agulhada em mim, caraca!!! Nada agradável, aí ela disse que precisava ser uma veia bem grossa porque eu podia necessitar de sangue. Gente... imaginem, a realidade ali na minha frente, vontade de fugir dali, de todos, de tudo aquilo! Fui até a sala da cirurgia, meia dúzia de palavras e apaguei. Dei uma piscadinha... e acordei "Pronto, a cirurgia terminou". Nossa como se tivessem passado apenas alguns segundos, incrível!